É de lamentar a posição da mídia quando se trata de escangalhar nosso frágil senso de patriotismo.
Na verdade, parece até que existe uma conspiração para humilhar a nós brasileiros. Tirar da nossa cultura os valores de civismo e respeito ao Brasil como nação, como pátria, como berço cultural e histórico. Podar nossas raízes. Talvez assim, fique bem mais fácil dominar o que resta para ser dominado, usurpar o que ainda está em nossas maõs.
A dignidade é uma dessa coisas valiosas que podem ser espezinhadas e subtraídas de um povo sem que ele perceba. A mídia é o meio e está conduzindo isso de maneira bastante clara aqui em nosso país.
Como ela faz isso? É simples, ela cria em nossos jovens o sentimento de que o que vale mais na vida é vencer, não importa como. Que o mercado e as empresas são coisas mais importantes que uma nação. Que, segundo esse princípio, as nações é que estão aí para servir de apoio às empresas.
Querem ver na prática como isso é feito?
É fácil, basta assistir uma dessas corridas de fórmula I. Uma dessas como a que aconteceu nesse domingo, quando descaradamente o "nosso" piloto brasileiro Felipe Massa, numa estratégia inteligente da equipe Ferrari, sai atrás do seu companheiro de equipe, o piloto Kimi Raikkonen, depois de entrar pela última vez nos boxes. Kimi venceu a corrida e se tornou o campeão da temporada.
Até aí tudo bem não é mesmo? São pilotos da mesma equipe, e se o Felipe vencesse a corrida e o Kimi ficasse em segundo, o campeão da temporada seria Fernando Alonso, da MacLaren. Aquela equipe que fez espionagem mas não foi expulsa do campeonato para não estragar a festa.
Não vemos nada de errado até aí, a não ser por um detalhe quase insignificante. É que a fórmula I é considerada esporte, e no final da prova, toca-se o hino nacional do país do piloto vencedor.
Aí não dá para entender direito essa coisa. Se a fórmula I é um esporte, como é que um esportista deixa o outro ganhar, ou se submete a ser o segundo, se ele representa seu país na competição? Se ele representa seu povo? Sua história e cultura?
Bem amigos da Rede Globo, acho que estamos assistindo ao que poderíamos defenir como "a derrocada dos princípios de nação em prol dos princípios do dinheiro".
Fica bastante claro que a mídia não está exercendo sua função de aglutinadora de uma cultura nacional, mas apenas agindo como se tudo isso fosse uma coisa normal. Ou seja, esportistas podem vender a honra de seu povo e nação em troca de um lugarzinho qualquer dentro de uma empresa.
Lugarzinho sim, porque foi exatamente isso que o Rubinho Barriquello fez da primeira vez quando tirou o pé do acelerador e deixou o alemão passar. Depois disso fiquei com nojo de fórmula I. Acho mesmo que muita gente, de todo lugar do mundo, que tem um pouquinho de vergonha na cara, também ficou.
Não me importo se o Rubinho quer ser o segundinho para o resto da vida. Ou se o Felipe tem medo de perder o emprego. Mas por favor, na próxima temporada, não toquem o hino nacional. Toquem apenas o hino estúpido da Ferrari.
Deixem pelo menos a gente continuar pensando que os caras que colocam o pé no freio não estão traindo seu país, sua história, sua honra.
Toquem o hino da Ferrari, já vai ser de bom tamanho. Tanto para quem perde seu tempo achando que na fórmula I existe competição e que essa competição é algo sério, como para nós, que ficamos envergonhados quando um de nossos cidadãos vende seu país, seu hino e a ética dos mais jovens.
Por favor, não toquem o hino nacional...