Chega hoje ao Brasil, dia 6 de setembro de 2009, o presidente da França, Nicolas Sarkozy.
Não, ele não vem ao Brasil discutir com nosso representante máximo, parcerias na educação, troca de tecnologias na área de saúde, energia e construção.
Ele também não está aqui para falar sobre política econômica internacional e pedir apoio ao Brasil para pressionar a diminuição dos juros de financiamento aos países pobres ou a diminuição dos bônus aos executivos dos bancos que até há pouco tempo estavam sendo salvos com o dinheiro da população.
Ele também não veio se reunir com nossos políticos afim de refletir sobre o futuro do planeta e dos povos face aos problemas profundos que certamente todos nós enfrentaremos em breve com as mudanças climáticas.
Ele trouxe a esposa, mas não estão aqui para discutir a importância das artes, da literatura de qualidade e sua divulgação, ou criar estratégias conjuntas para evitar que o lixo cultural das televisões desvirtuem a visão ética de nossa população.
Ele está aqui para vender submarinos á nossa marinha, que certamente usará dinheiro público, nosso dinheiro, afim de manter uma frota sempre alerta para proteger os interesses dos acionistas da Petrobrás.
Nossos presidentes também fazem esse papel ridículo de representantes comerciais quando desembarcam em outras praias para vender etanol, laranjas, calcinhas, malas para viagem, sabonete, armas, etc.etc.etc.
Somos governados atualmente, todos nós, praticamente no mundo inteiro, por representantes comerciais. Alguns mais estudados e espertos se tornaram consultores de venda, mas a maioria é vendedor mesmo, iguais aqueles que chegam com palm top na padaria da esquina.
Esses caras representam outros interesses que estão acima dos interesses da população. Eles representam interesses que estão acima da educação, da saúde, da cultura, do pleno emprego, etc. Essas coisas não dão lucro, por isso que a gente não vê o presidente gastar tempo, energia e dinheiro, defendendo a qualidade da saúde, brigando com a oposição para a construção de novos e mais modernos hospitais como briga atualmente para aprovar a urgência do pré-sal.
Já repararam que quando se trata de algo que seja lucrativo para os empresários e banqueiros as discussões se tornam acirradas?
E onde entra a mídia, os meios de comunicação e informação nesse jogo? O papel deles é o mesmo que o papel de jornalzinho de empresa. Já viu jornalzinho de empresa falar mal da empresa? Já viu jornalzinho de empresa falar mal dos caras que são donos ou que administram a empresa? Já viu jornalzinho de empresa alertar seus funcionários contra a exploração da empresa?
Claro que não!
A empresa, ou seja, os donos da empresa e a administração da empresa estão acima de qualquer outra coisa.
Então, reflitam com cuidado e reparem que, se os nossos presidentes fizeram e ainda fazem o papel de representantes comerciais, vivemos então, há muito tempo, não mais num país, mas numa empresa. Somos apenas a figuração, um mal necessário que faz a empresa funcionar.
Está tudo escrito lá, todos os dias, como será fechado o negócio, quem vai lucrar, e quem vai pagar a conta. Está tudinho lá, todos os dias, nos jornaizinhos da empresa.
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