Quem é que não ouviu falar nesses últimos meses, nos diversos veículos de comunicação brasileiros, pelo menos uma vez por dia, sobre o caso do desaparecimento misterioso em Portugal, da menina inglesa Madeleine MacCan?
Uma enchurrada de informação diária e repetida até o cansaço dos leitores e espectadores da telinha.
Não que a informação não seja importante e não provoque em todos nós aquele sentimento de compartilhamento com as dores dos pais, não é isso. O que quero alertar é que a imprensa brasileira, atrás do sucesso e do lucro, repete incessantemente, como uma matraca, a mídia internacional, afastando os brasileiros de outras notícias muito mais importantes e próximas à nossa realidade.
O fato é que se a imprensa fosse falar de todas as "Madaleines" que temos desaparecidas no Brasil, não haveria espaço para mais nada nas televisões e jornais.
Segundo a ong Ciranda - Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência, endereço: http://www.ciranda.org.br/2004/prioridadefull.php?mode=ver&id=286 , o número de crianças desaparecidas cresceu 311% entre 2003 e 2006 no Brasil.
De acordo ainda com a Rede Nacional de Identificação e Localização de Crianças e Adolescentes Desaparecidos (Redespar), em torno de 40 mil crianças desaparecem anualmente no Brasil. A maioria dos casos tem solução rápida, no entanto, de 10 a 15% das crianças continuam desaparecidas por muito tempo.
A mídia então, finge que está fazendo seu papel social. Para quem assiste a telinha e lê os jornais na mídia eletrônica, fica a sensação de que ela, a mídia, se preocupa muito com as crianças desaparecidas de dentro e de fora do país.
Uma ova! Ela só se preocupa se isso der algum lucro, se for um caso em que ela possa atrair a atenção da população e fazer o leitor ou espectador ficar colado na programação, e por conseguinte, nos intervalos comerciais.
A mídia consegue desinformar o cidadão e, ao mesmo tempo, ser uma espécie mórbida de urubu da notícia, lucrando em cima da desgraça alheia.
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