domingo, 5 de agosto de 2007

De como só existe uma saída ou a história de nós mesmos




Provavelmente ninguém aqui tem ouvido falar em outra coisa a não ser que os governos e os países devem ser democráticos.
Fico imaginando se essas informações, ou melhor, essas desinformações, também fossem tão enfatizadas em outras coisas que afetam nossas vidas.
Já pensaram, por exemplo, se essa moda pega pra valer?
Imaginem se todos os dias, durante anos e anos seguidos, os jornais, as revistas as televisões, ficassem martelando incansavelmente em nossas cabeças algumas frases tipo “só a democracia é um regime confiável” ou então “a economia do país em primeiro lugar” ou ainda “nossa salvação está no etanol” e ainda “a Petrobrás não polui”. Já pensou? Já pensou o que aconteceria com as novas gerações se algumas frases como “morar na favela é legal e chic” ou “se você não fizer uma faculdade não vai ser ninguém” ou ainda “trabalhar mais de oito horas por dia é normal” e, que tal “tudo que ouvimos na imprensa é verdade”?
Já pensou mesmo que triste seria assistir um povo inteiro, que de tão dominado por essas “crenças” não mais questionasse a própria existência e suas próprias vidas?
Vocês conhecem algum país assim? Onde as pessoas têm a certeza de que a economia é a causa da evolução de um povo e não o contrário e lógico, ou seja, que uma economia forte é conseqüência de um povo e de um país que evoluiu e cresceu?
Vocês conhecem um país onde as pessoas que moram nas favelas, em becos sujos e mal iluminados, que têm que subir duzentos degraus para chegar até seus barracos sem água encanada, que têm que passar todos os dias entre bandidos armados que distribuem drogas a seus filhos e, de vez em quando, ainda travam verdadeiras guerras com armas pesadas, com muitas baixas, e expõe os moradores aos perigos dessas guerras? E essas pessoas ainda assim achassem que é muito legal morar nesses buracos, no meio da pior ralé que pode existir dentro das sociedades, essa ralé formada por bandidos, traficantes, seqüestradores, estupradores. Você conhece um país com gente assim?
Vocês poderiam me dar como exemplo algum país cuja população acredita realmente que, depois de mais de trezentos anos do fim do ciclo da cana-de-açúcar, em pleno século XXI, cuja força dos países mais evoluídos está na capacitação tecnológica e no investimento em pesquisas de ponta, esse país e sua população passassem a acreditar que plantando cana novamente construiriam um país moderno? Que seus filhos seriam felizes plantando cana para grandes empresários e empresas multinacionais, mesmo que os defensores dessa política agrária soubessem que não existirá nenhuma chance dessa política dar certo, porque os indianos já descobriram que o sorgo produz muito mais álcool a um custo muito mais baixo?
Vocês talvez conheçam e possam me dizer, onde fica um país cuja população acredita de verdade que está sendo informada e que todas as informações que recebe não passam por nenhum crivo de censura prévia, por nenhum órgão governamental que escolha como as informações podem ou não podem circular e, cujas empresas distribuidoras de notícias não tenham vínculo de poder com esses mandatários? Vocês sabem onde fica esse país?
Vocês conhecem algum lugar cuja população acredita piamente que o regime democrático é o único que pode funcionar, mas que jamais deixaria de procurar um especialista quando o caso fosse saúde ou um problema no motor do automóvel? Vocês conhecem tal lugar? Um lugar onde as pessoas já não param seus afazeres para refletir se poderiam existir outras possibilidades de governo além de uma pseudodemocracia vigente, cujos governantes recebem o voto popular porque distribuem dinheiro aos mais pobres (que são a maioria) através do que eles chamam de “bolsas” de ajuda? Vocês podem me dizer onde fica tal lugar, cuja democracia é tão democrática que sua população é “obrigada” a votar? Vocês conhecem esse tal lugar? Esse lugar, esse país, esse estado cujas pessoas que ali sobrevivem já esqueceram que podem existir formas mais evoluídas de governo, tal como aquela que permite apenas aos bons, honestos, justos e capazes assumirem o poder?

Um comentário:

CABETO ROCKER disse...

Grande menino Valmir,

Esse país poderia existir, se não fossemos escravos da tal da "felicidade proporcionada pelo dinheiro, pela sensação de segurança gerada pelo marketing governamental da Democracia"...
O ser humano pode até vir a ser legal, se fosse despido dessas falsidades ideológicas que só servem o Capital...o ser humano poderia sim, estar vivendo um mundo de paz e harmonia, se voltássemos a nos olhar, não como numeros, mas como seres viventes, dotados de inteligência emocional, que poderia ser colocada a favor da vida. inteligência "economica" temos, mas, vejam aonde ela está nos levando...vivemos com medo de nossos semelhantes..só o ser humano vive assim...
Abraços, amei o Blog, sucesso!!!