sábado, 12 de janeiro de 2008

A China que a Mídia Esqueceu


Percebemos claramente os verdadeiros ideais e desejos da mídia, quando lemos, assistimos, ouvimos, ou melhor, não vemos, não assistimos e não ouvimos o que realmente representa o estado chinês.

Para nós, a China é mostrada como a heroína dos tempos modernos. País de progresso. Símbolo a ser seguido.

Mas não é bem assim que a coisa funciona. A China se tornou atualmente a responsável por grande parte da cultura de desemprego do ocidente e oriente. Seus produtos fabricados por mãos de obra quase escravas não oferecem chance para os concorrentes internacionais, que pagam pelo menos um salário quase digno a seus trabalhadores. Já num outro artigo[1] eu afirmo que no fundo, no fundo, a idéia é, com o tempo, nos transformar a todos em chineses. Isso dá mais lucro!

Além disso, dentro de suas barreiras territoriais, funciona uma espécie de estado corrupto-feudal, onde o cidadão comum é apenas uma engrenagem dentro de uma máquina que range sem parar, vomitando corrupção, violência, miséria e falta de liberdade de expressão.

A política chinesa para o Tibete deixaria qualquer império ocidental parecer coisa de criança. A atual política chinesa para aquele país violentamente usurpado é a de genocídio cultural. O governo chinês está usando todas as suas armas para destruir a cultura e religião tibetana, implantando políticas de imigração em massa de cidadãos chineses para o local, numa tentativa de, muito em breve, fazer com que o Tibete tenha mais chineses do que tibetanos. Enfim, destruindo toda uma cultura que por sua própria natureza histórica e de tradição religiosa, vai de encontro frontalmente com os valores culturais da china moderna, que são os valores de consumo e de alienação política e espiritual.

Nesse grande palco, a mídia, seja ela daqui ou de lá, cumpre seu papel de serva dos poderosos, destruindo a possibilidade de compreensão da profundidade das políticas da China, dentro e fora de seu território. Salvo algumas excessões, como a reportagem da revista Época on line, "Tibete, Paraíso e Inferno", do correspondente Haroldo Castro.
Enquanto a imprensa gasta tufos de tempo e dinheiro tentando assegurar que o presidente Hugo Chaves seja visto como um misto de ditador e bufão, esquece, ou finge que esquece que os verdadeiros ditadores são aqueles que levam adiante a China moderna, os grandes exportadores de petróleo do oriente médio, etc. Não só a China, mas os países árabes governados por reis e sultões ditadores, mas que possuem negócios com os países ditos de primeiro mundo.
Não estou defendendo de maneira nenhuma qualquer político. Já faz muito tempo que para mim eles são todos iguais, mas me incomoda bastante e me faz realmente ter certeza de que a mídia não cumpre seu papel de informação de verdade, quando as notícias que ela veicula chegam carregadas de segundas intenções.

De qualquer forma, a mídia já começa perceber que essa sua política não vai muito longe; que as pessoas estão começando a ficar espertas. Gente jovem com cabeça legal já procura se informar através de blogs, não compram jornais e não acreditam nas estórias da carochinha que a mídia conta. Dentro em breve o desemprego poderá bater às portas da imprensa com muita força.

Tudo por causa da China!


[1] Eu Não Quero Ser Chinês - http://imprensanaprensa.blogspot.com/2007/11/eu-no-quero-ser-chins.html

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