sexta-feira, 13 de julho de 2007

Ninguém nunca mais se manifestou...


Que bom que nunca mais ninguém se manifestou.

Vivemos em tempos de paz, de ordem e progresso.

Nunca mais ninguém apareceu em frente às câmeras fotográficas ou das televisões, levantando faixas e gritando slogans contra o presidente, deputados, senadores e suas políticas e idéias, enfim, contra lá o que quer que seja.

Não vemos mais nesse país ninguém aparecer querendo saber para onde vai o rio São Francisco ou até que ponto as usinas nucleares são mesmo seguras.

Nunca mais vimos sequer os grevistas e suas passeatas, embora as greves pipoquem aqui e acolá.

Nunca mais fomos surpreendidos pelas imagens de gente na rua, andando de braços dados, em passos firmes e com olhares no infinito.

Que pena que não vemos porque não nos deixam ver.

Talvez porque não vemos ou sequer ouçamos, essas coisas não existam.

As coisas só existem quando podemos ver, ouvir, tocar. Não é assim que caminham as ciências?

Será por isso que não temos aparelhos para medir amor, compaixão e bondade?

Será que é por isso que os fatos que não são vistos passem a não existir?

Será então que é por isso que não nos deixam ver? Para que que as coisas não existam e a gente não procure entender?




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